Empresas de transportes rodoviário acreditam que 2023 será um ano ‘promissor’

O portal Estradas conversou com algumas empresas de transporte rodoviário de cargas no Brasil para saber o que elas vão fazer e o que esperam. A Ampef reproduz aqui as entrevistas

Dois mil e vinte e dois está chegando ao fim. Após quase três anos de grandes transformações em vários setores da economia no mundo, por conta da pandemia do coronavírus, 2023 será diferente no setor de transporte de carga rodoviário?

Essa incerteza não está nos planos das empresas Ghelere Transportes, Anacirema Transportes e MIRA Transportes. A reportagem do Estradas conversou com Eduardo Ghelere, diretor-executivo da Ghelere Transportes; com José Alberto Panzan, diretor da Anacirema Transportes e presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Campinas e Região (SINDICAMP) e com Roberto Mira Junior, diretor-geral do Grupo Mira Transportes.

Em cada bate-papo foi possível perceber que há esperança em cada um dos representantes, mesmo que com uma certa cautela.

Estradas – Quais as expectativas da empresa em relação ao ano de 2023?

Eduardo Ghelere – Nossa empresa tem um crescimento projetado para 2023 que fará necessário seguir com investimentos. Entendemos que será um ano bom, pois estamos com uma economia já setada para o crescimento e, mesmo com algumas alterações, o Brasil vai crescer.

Estradas – O período pós-eleição pode melhorar o ambiente de negócios?

Eduardo Ghelere – O que nos preocupa de fato é a política fiscal do novo governo. O novo governo está flertando com a derrubada do teto de gastos e, apesar de ainda não ter assumido, já causou instabilidade no dólar e na bolsa. Se continuar com ampliação de gastos de forma desenfreada, vamos ter sim problemas de médio e longo prazos, causando um desinvestimento na indústria e com consequências em toda cadeia.

Estradas – O dólar e o combustível ainda preocupam?

Eduardo Ghelere – Sim. Não existe mais cenário confortável, isso acabou. Antigamente tínhamos compra mais fácil, hoje compramos mesmo sem precisar insumos por oportunidade, como pneus. Atualmente, temos problemas na entrega do diesel, que antes não tínhamos. Me preocupa a falta de diesel já na próxima safra agrícola, se houver uma política de não paridade de preço internacional. Afinal, melhor pagar caro do que não ter.

Quanto ao dólar isso é uma preocupação sim. Como brasileiro entendo que o dólar no patamar de 4 a 5 é o ideal. Vamos ver o desenrolar do mercado. Nos primeiros governos do Lula pegamos uma maré de crescimento global, países querendo investir nos emergentes. O cenário não é mais o mesmo.

Temos um cenário de recessão ou medo de recessão. Os investidores não querem arriscar ou perder. Até as startups já sentiram que a fonte secou. Não serão tolerados erros por parte dos governos. O dinheiro vai fluir para onde existe crescimento ou estabilidade.

Estradas – Investimentos (unidades, equipamentos etc.) e novas contratações estão contemplados para o próximo ano?

Eduardo Ghelere – Para o próximo ano vamos abrir uma unidade nova, já realizamos a compra na Fenatran de 15 carretas para essa unidade. Começamos com a contratação de um CFO e reestruturação das áreas em novas diretorias. Estamos com crescimento projetado em novas áreas e ampliação dos serviços e a ideia é incluir armazenagem já nos próximos anos em três pontos no Paraná.

No todo, o investimento na matriz será de R$ 22 milhões e de R$ 15 milhões em ativos para transporte.

Anacirema Transportes

Estradas – Quais as expectativas da empresa em relação ao ano de 2023?

José Alberto Panzan – Imagino que 2023 será um ano difícil. Precisamos melhorar a economia, gerar renda e consumo para podermos crescer. Creio que, apesar das dificuldades, estamos melhor preparados e, com resiliência, conseguiremos crescer.

Estradas – O período pós-eleição pode melhorar o ambiente de negócios?

José Alberto Panzan – Após a polarização eleitoral pela qual passamos, pelo menos agora temos uma definição, independente de nossa preferência. O ambiente de negócios está instável pela falta de previsibilidade do que virá pela frente, mas temos que continuar com nosso plano de negócios e buscar o crescimento.

Estradas – O dólar e o combustível ainda preocupam?

José Alberto Panzan – Sim, preocupam. Precisamos pensar hoje em retomar o crescimento econômico com responsabilidade e comprometimento, gerar renda, para podermos promover o consumo e aumentar a qualidade de vida das pessoas.

Estradas – Investimentos (unidades, equipamentos etc.) e novas contratações estão contemplados para o próximo ano?

José Alberto Panzan – Procuramos antecipar nossos investimentos para este ano, e para 2023 investiremos somente sobre demanda.

Grupo MIRA Transportes

Estradas – Quais as expectativas da empresa em relação ao ano de 2023?

Roberto Mira Junior – Para o próximo ano temos planos de expansão em todo o Grupo, com o aumento tanto do espaço físico como da capacidade operacional dos nossos armazéns em várias filiais pelo Brasil. Nossa matriz, no estado de São Paulo, está passando por grandes mudanças, inclusive estamos em processo de transferência para um armazém três vezes maior do que estamos atualmente. Essa ampliação é necessária para que possamos acompanhar o crescimento de nossos clientes e conquistar novos parceiros, oferecendo sempre o melhor serviço.

Estradas – O período pós-eleição pode melhorar o ambiente de negócios?

Roberto Mira Junior – Temos certeza que sim. Entendemos isso após acompanhar nossos clientes durante todo o ano de 2022, suas expectativas são de um crescimento considerável para o próximo ano.

Estradas – O dólar e o combustível ainda preocupam?

Roberto Mira Junior – Esses são fatores que influenciam diretamente nos custos do transporte de carga. Precisamos sempre acompanhar de perto para analisar a melhor estratégia, diminuindo os impactos negativos tanto para nossa empresa quanto para nossos clientes. O Diesel é um dos maiores custos de uma empresa de transporte, e o valor do dólar afeta não apenas o valor do combustível, mas outros recursos indispensáveis para o setor não parar.

Estradas – Investimentos (unidades, equipamentos etc.) e novas contratações estão contemplados para o próximo ano?

Roberto Mira Junior – A pedido dos nossos clientes, estudamos a abertura em duas novas áreas de atendimento, com início de operação para meados de 2023. Para entregar um serviço de excelência efetuamos ainda em 2022 duas grandes contratações, revitalizando nossa área administrativa e comercial. Fechamos 2022 com a realização de muitas melhorias, sempre com foco no nosso futuro. Em 2023, o grupo completa 45 anos, uma data marcante para todos que fazem parte do MIRA, então com certeza teremos algumas surpresas para os nossos clientes e o mercado, aguardem.

Fonte: www.estradas.com.br